Intervenção Assistida por Cães

A Intervenção Educativa e Terapêutica Assistida por Cães (IETAC) são interações nas quais um cão de terapia é incorporado como parte do processo educativo ou terapêutico, com o objetivo direto de promover a melhoria nas funções físicas, sociais, emocionais e cognitivas do utente. Sempre devem estar dirigidas por profissionais da saúde ou da educação.

É fundamental adapta-las às necessidades dos utentes, estabelecendo objetivos específicos para cada caso e saber trabalhar em equipa com psicólogos, educadores, terapeuta da fala ou o profissional que requeira o coletivo alvo da intervenção. Para realizar necessita-se o trabalho de uma equipa interdisciplinar, onde toda a equipa trabalha por igual para chegar ao objetivo marcado, sendo imprescindível o profissional especializado do âmbito sócio-sanitário ou educativo, o técnico de terapia assistida por cães qualificado e o cão de terapia, animal especialmente selecionado e preparado para este propósito, que passa a ser assim ajudante e “ferramenta” do terapeuta ou educador.

Conhecem-se bem as implicações que existem no vínculo homem-cão e conhecem-se muitos benefícios ao integrar cães de terapia nos protocolos dos centros dedicados ao tratamento de doentes mentais, ou em programas educativos para setores que requerem uma ajuda especial, como a população reclusa, as pessoas de terceira idade isoladas, em lares de idosos, ou as crianças e jovens com necessidades especiais.

As investigações mais recentes provam que a presença do cão de terapia associa-se a sensações de tranquilidade e relaxamento assim como à redução do ritmo cardíaco e da pressão sanguínea. Também se associa a um aumento da interação social, atuando ao que parece, como catalisadores sociais realizado em grande variedade de meios, de maneira individual ou em grupo. É importante ter em conta que não falamos da substituição das terapias clínicas nem dos métodos educativos mas sim como complemento aos mesmos. Ao contrário do que acontece noutros países e apesar da quantidade de referências históricas que documentam este tipo de terapia associada a uma grande variedade de patologias clínicas, todavia é uma prática pouco utilizada em Portugal.

As investigações estão a evoluir de maneira notória e este é um bom caminho para seguir a desenvolver as terapias e a melhorar o vínculo humano-cão assim como a ponte que os cães de terapia criam entre o terapeuta e o utente

São parte integrante da IETAC a:         

  • Educação Assistida por Cães (EAC): É o processo de aprendizagem, formação, habilidades e conhecimentos especificamente em desenvolvimento, assistido e reforçado pela presença e utilização de um cão de terapia. No qual o cão de terapia é a ferramenta e o tema central da lição de modo a facilitar o plano de aprendizagem ou para enriquecer o entorno para que se dê a aprendizagem, de forma a alcançar os objetivos marcados pelo profissional do âmbito da educação.

  • Terapia Assistida por Cães (TAC): Programa terapêutico regular dirigido a alcançar uns objetivos concretos com um utente ou grupo de utentes com deficiência e incapacidades, no qual o cão de terapia é utilizado como motivador e ferramenta central nas atividades planificadas de modo a atingir os objetivos marcados pelo profissional do âmbito da saúde.

Como nota importante, referir que as chamadas Atividades Assistidas por Cães (AAC), não fazem parte da IETAC, uma vez que se tratam unicamente de atividades lúdicas, pontuais, sem qualquer objetivo educativo ou terapêutico definido, nem são dirigidas por um profissional da educação ou da área das ciências da saúde. Este tipo de atividades são frequentemente apresentadas como “terapia assistida por cães (TAC)”, quando na realidade não se enquadram nem fazem parte deste âmbito.

 

Intervenção Assistida por Cães

 

Algumas das áreas de desenvolvimento

Na área físico motora melhorar:
- A área sensório-motora;
- A postura;
- O equilíbrio;
- A coordenação;
- A potenciação muscular;
- Aumentar a atividade e a vontade de exercitar-se;
- A motricidade fina e geral;
- O esquema corporal;
- A lateralidade.

Na área médica estimular:
- O peristaltismo;
- O sistema circulatório;
- O sistema respiratório.

Na área cognitiva favorecer:
- A capacidade de atenção, memória e concentração;
- A articulação da palavra;
- A coordenação óculo-manual;
- A capacidade de sequenciação e planificação;
- A estruturação do tempo e do espaço.

Na área social e relacional:
- Melhorar a interação social;
- Melhorar a conduta;
- Interrupção do isolamento;
- Desenvolver o respeito para com os animais;
- Incrementar as relações afetivas;
- Aumentar o desejo de realizar atividades em grupo;
- Melhorar a compreensão e seguimento de instruções;
- Fomentar a aprendizagem das fórmulas sociais (cumprimentar, despedir-se);
- Fomentar a aceitação do contacto e a companhia de outros;
- Incentivar a procura de ajuda;
- Aprender a reconhecer emoções.

Na área emocional:
- Melhorar a auto-estima;
- Melhorar a confiança e a auto-confiança;
- Melhorar o estado de ânimo;
- Melhorar o autocontrole;
- Diminuir a ansiedade.

Na área da aprendizagem:
- Aquisição de novas aprendizagens em referência a responsabilidades como os cuidados do cão (higiene e alimentação), as suas brincadeiras e a sua educação;
- Aprender o nome de pessoas e animais importantes para o utente (o cão é uma delas);
- Aprender os conceitos espaciais (dentro, fora, em cima, em baixo);
- Aprender os conceitos temporais (agora, depois);
- Aprender outros conceitos como cores, tamanhos, formas...;
- Aprender conceitos matemáticos;
- Música;
- Conceitos básicos;
- Outras áreas curriculares (como a leitura, ciências da natureza...).

E o mais importante, aumentar a motivação na aprendizagem e na terapia.